Pessoas Ruins: Indivíduos Irredimíveis & Incentivos Estruturais
Por William Gillis. Artigo original: Bad People: Irredeemable Individuals & Structural Incentives,14 de agosto de 2014. Traduzido para o português por p1x0.
Saludos amigues, soy p1x0, Tradutor & anarquiste de vila, interessado na superação do Estado das coisas como estão. Considere apoiar meu trabalho Clicando Aqui.
[Ouça uma discussão aprofundada deste artigo e seus tópicos neste episódio de The Enragés]
Ao contrário das afirmações de alguns esquerdistas, de fato existem pessoas completamente monstruosas que não são apenas vítimas de suas condições sociais. Humanos são diversos. Todos nós seguimos caminhos parcialmente aleatórios no desenvolvimento de nossos valores e instintos, fustigados por um milhão de pequenas asas de borboletas de contextos que jamais poderiam ser controlados ou previstos.
Uma centena de crianças clonadas com genes idênticos, recebendo o mesmo amor e educação, inevitavelmente vão encontrar diferentes momentos de incerteza onde precisarão aleatoriamente escolher uma hipótese ou estratégia entre as possíveis e agir sobre elas, para testar diferentes modelos e valores. É claro que tendências surgem no entorno, mas elas têm exceções. Às vezes estas exceções são em si um fenômeno agregado. Uma abordagem que é estável quando adotada por 99% da população de todo modo por ser difícil de se manter 100% estável com desertores aleatórios encontrando recompensa suficiente para ressurgirem. A teoria dos jogos revela que por mais que a compaixão e o apoio mútuo sejam amplamente adotados em certos ambientes, isso geralmente ocorre em paralelo a emergência de persistentes tendências menores de parasitas e predadores ao redor de certas margens, com variados graus de complexidade. A maioria da população estabiliza com uma mistura de estratégias individuais. Além disso, o caminho de uma vida individual não é moldado apenas por condições aleatórias difíceis de se controlar, ela também precisa de um nível de aleatoriedade em sua exploração pessoal. Infelizmente existem certas perspectivas que, uma vez alcançadas, agressivamente se blindam de maiores considerações, adaptação e mutação.
Na mais harmoniosa e iluminada comunidade, na cultura mais avançada, no mundo mais justo e igualitário, ainda veremos surgir os cruéis e insensíveis, os manipuladores e brutais. Aqueles para os quais outras pessoas não são uma extensão de sua própria existência como locais de agência, mas objetos a serem usados ou destruídos. Estes monstros podem ser drasticamente diminuídos em números por várias mudanças culturais e institucionais, mas seu surgimento não pode ser inteiramente suprimido. E invariavelmente eles irão usar quaisquer meios e ferramentas disponíveis a eles para ferir outros e tomr o poder.
Pessoas ruins sempre vão existir.
Nós podemos problematizar as vagas bordas da “maldade” e podemos mergulhar na profundidade psicológica na variedade de formas que ela assume, mas no fim do dia ainda temos o fato bruto de indivíduos presos em valores e hábitos ruins. Não são pessoas confusas ou erradas, pessoas com as quais nenhuma terapia, ou punição virá a funcionar. Pessoas que em todos os sentidos e propósitos estão permanentemente presas em certos valores e perspectivas maliciosas. Pessoas cuja exploração de valores sem saída e estratégias que cuidadosamente as selam para além de qualquer futuro desenvolvimento, e futuras interações. Pessoas que não estão meramente passando pela maldade, mas que a adotaram para si.
Essas pessoas são mortos andantes, cascas vazias de mentes antes imaginativas e inquisitivas. Elas variam em quanto conhecimento elas lapidaram antes de se fecharem para o mundo, algumas são insossas e imediatamente visíveis. Geralmente elas são ambas, especialistas em certos jogos de poder, idiotas desastrados em tudo mais.
Mas categoricamente este não é um argumento conservador em defesa do estado ou qualquer sistema de poder que poderia vir a paternalmente nos ‘salvar’ de tais pessoas ruins.
Um entendimento central ao anarquismo é que nós não podemos nos proteger contra pessoas ruins criando instituições de poder, pois as mesmas pessoas ruins inevitavelmente irão controlar e operar estas instituições. A única resposta de longo prazo é remover todas as posições de poder, para tornar, em um milhão de formas, impossível para qualquer um tomar ou manter controle sobre outras pessoas.
A esquerda é constantemente prejudicada pelo erro de assumir que monstros individuais são puramente um produto de estruturas sociais. Isto é anti-reducionismo da sua forma mais errada possível. É como pensar somente na “floresta” e ignorar as árvores. À esquerda corretamente percebe que persistentes macroestruturas sociais são reforçadas por certos ciclos de feedbacks, mas então geralmente acaba por simplificar seus modelos de mundo puramente nestes termos. Os agentes em que foca se tornam coisa como nações, “capitalismo”, “civilização’, et al., e essas categorias geralmente são bastante boas para mapear como estas estruturas persistem, ou ao menos cortar as delirantes narrativas liberais sobre estas abstrações, mas elas são extraordinariamente ruins em prever quando tais abstrações se rompem.
De cima uma “floresta” pode parecer se comportar como uma única entidade, mas ninguém jamais explicou para as plantas e animais de baixo das copas nosso conceito de “floresta”. Elas não são simples engrenagens de um mecanismo maior.
Como a esquerda tende a pensar em termos de grandes estruturas, também tende a assumir que a disposição de indivíduos é simples e diretamente causada por essas grandes estruturas, que eles apenas marcham em direção a estas grandes narrativas como células rígidas em um corpo. Esta é a fonte do persistente estatismo da esquerda. É o motivo pelo qual leninistas acreditam em capturar o “controle” sobre o estado, acreditando que assim o capitalismo pode ser abolido do topo através de uma série de decretos.
O anarquismo é mais esperto, nós entendemos que mudanças precisam surgir da base, mas infelizmente muitos herdam o pensamento macroscópico da esquerda quando se trata de futuros após o capitalismo.
Não há melhor exemplo disso do que o tópico do policiamento.
Esquerdistas são rápidos em apontar que Todos Policiais são Bastardos por conta de seu papel funcional na instituição. Não importa se um indivíduo tem boa vontade sendo policial, eles são componentes de um sistema opressivo maior. Isso é suficientemente real, apesar de ofuscar oportunidades para um infiltrado dedicado a sabotar a polícia, Nós podemos imaginar uma pessoa genuinamente boa que se infiltra na polícia, e organiza o assassinato de outros oficias, arruína evidências para libertar centenas de pessoas ou vazar dados críticos.
É claro que exceções tão extremas só provam a regra geral, mas este tipo de pensamento do topo para a base sobre a polícia puramente em termos de sua função institucional ignora outra forma na qual policiais são monstros.
A polícia é podre pois a polícia atrai podridão.
O papel da polícia é preservar hierarquias simplistas, através da violência. Para manter a “ordem,” – isso é, para manter o mundo legível e simples. E exercer uma violência bruta incontestável para que isso aconteça
Isso é o mesmo em todo lugar independente da bandeira sob a qual a polícia esteja, e independente dos detalhes da ordem que preservam. Esqueça os horrores da União Soviética, mesmo se a ordem a ser mantida fosse a da democracia direta da comuna dos valores iluminados, o papel da polícia nesta ordem seria atrair o máximo possível das piores pessoas possíveis. Incentivos importam.
Se policiais são “burocratas armados” como David Graeber aponta, eles o são para servir nossos governantes e pois – numa fome por simplicidade – permite que questões de conflito e segurança sejam delegadas para um número bastante pequeno de pessoas que agem basicamente sem supervisão.
Esquerdistas estão certos em apontar que a polícia moderna é uma invenção recente, e que nos Estados Unidos está ligada ao patrulhamento de escravizados, mas conservadores estão corretos em associar a polícia com gangues e exércitos de forma mais geral. Só porque os exatos contornos e limites destas gangues mudaram dramaticamente ao longo da história, não significa que seu cerne mudou. Qualquer um te dizendo o contrário está tentando te vender revisionismo, não uma abolição sincera. A Abolição da Polícia que não busque desfazer uma forma de relacionamento que existe desde as primeiras cidades estado é apenas reformismo com outro nome.
Apesar de alguma retórica, conservadores geralmente niilistas são realistas sobre o poder, e eles estão corretos em recordar que o estado pinta a si mesmo como a alternativa a bandos de bandidos, um fenômeno bastante real. O estado é um esquema de proteção geralmente formado por aqueles mesmos bandos de monstros, agora estacionados permanentemente. As pessoas mais cooperativas e civilizadas são extorquidas por suas colheitas e aprendem a tolerar os seus “próprios” bárbaros, mas os ocupantes sempre tem mais em comum com os terríveis bandidos. As mesmas estratégias cognitivas básicas. A mesma personalidade. Eles talvez pintem a si mesmo como cães pastores protegendo as ovelhas contra os lobos, mas no fim do dia ambos são caninos carnívoros, e as ovelhas acabam sendo mortas de qualquer forma.
Hoje, as polícias são uma continuação dessa dinâmica constante. Mesmo a dicotomia esquerda-direita rapidamente polarizada por comunidades rurais reacionários e cidades que tendem a esquerda, enquanto na América do Norte os policiais vivem em um anel suburbano ao redor das cidades que eles aterrorizam, As narrativas simplistas de guerras de gangues simplesmente tem mais apelo fora de espaços cosmopolitas onde as pessoas são pressionadas uma contra as outras e forçadas a encontrar formas mais complexas de cooperação e conflito. Os sobrevivencialistas fantasiando em se tornarem senhores da guerra encontram similaridades profundas com a personalidade – e daí, uma cultura comum – com a polícia que ostensivamente nos protege justamente disso.
O legado da supremacia branca oferece um modelo pra isso, e certamente a policia ajuda a manter a supremacia branca de formas estruturais complexas, mas muitos reacionários sem um animus racial consciente instintivamente vê um policial negro em um bar como um aliado, não por conta de qualquer avaliação consciente de que o policial negro está funcionalmente reforçando a supremacia branca. Não, no nível mais básico o policial negro e o reacionário compartilham uma visão de mundo e traços de personalidade. Em grande parte, é uma competição violenta de soma zero, que teme a confusão da complexidade, desdenha a empatia, questionamentos, e criatividade, qualquer coisa que possa minar a determinação rígida.
O papel da polícia atrai, facilita, e é melhor performado por pessoas ruins pré-existentes.
E os semelhantes se reconhecem.
Entendendo afinidades e predileções em termos de caráter, não apenas de posições estruturais, é crítico para o entendimento do mundo.
A explosão reacionário que foi o Gamergate e Trump firmando alianças ao redor de divisões e diferenças que no papel parecem impossíveis. O que os uniu foi um reconhecimento de que o mundo estava removendo o espaço operacional para pessoas ruins como eles, em um passo cada vez mais veloz.
Isso foi tão horrendo quanto unificador para muitos deles. Afinal, a visão de mundo deles os diz que força bruta e oportunismo egoísta são a Verdadeira Natureza do mundo. O Jeito que as Coisas Simplesmente São. Eles estavam jogando O Jogo e todo mundo mais foi pego em ilusões temporárias.
Então como seria possível que eles estivessem perdendo?!
A esquerda geralmente tenta analisar a coalizão reacionária em termos de eixos de opressão. Patriarcado, racismo, homofobia, capacitismo, etc… Aqueles que temem perder seus privilégios tendem a reagir com violência, isso em geral é verdade. Mas porque eles estão perdendo? E simplesmente observar a tabela dos privilégios sistêmicos de uma pessoa não é tão preditivo de suas políticas quanto tal registro sugeriria. O que levaria tal coalizão a se reunir com tanto fervor? É apenas a inevitável resposta a uma presidente negro e percalços econômicos? Isso não explica o crescimento estável da reação em inúmeros círculos e não explica o vulcão de reações online como Gamergate. Há muitas explicações complexas para o arquipélago de trambiqueiros, militantes, e oportunistas trabalhando contra suas afinidades estruturais, e maioria está certa em algum nível.
Mas na raiz a realidade é que na última década pessoas ruins e mesmo as moderadamente apáticas na maioria das margens subculturais passaram a apertar o nó ao redor de seus pescoços graças a internet. O que é chamado de “cultura de cancelamento” é apenas a velha dinâmica do boicote sobrecarregada pela conectividade massiva e a rápida progressão do discurso ético/político conforme a mente coletiva cresce em tamanho.
Conforme mais pessoas popularizaram a internet e se tornaram mais ativas a promessa da internet foi realizada. Os oprimidos ganharam sua voz e se fizeram ouvir. Ideias radicais finalmente puderam estar nos holofotes. Os altruístas foram percebidos e mobilizados. O que antes eram análises extremamente marginais (apesar de corretas) sobre injustiças sistêmicas rapidamente venceu no livre mercado das ideias. Não no sentido de que todos foram literalmente convencidos – algumas pessoas não estavam interessadas em escutar, algumas estavam menos conectadas, e algumas eram de fato hostis as perdas de privilégios que estes argumentos supunham – mas no sentido de acumular apoio grande o suficiente para aplicar pressão.
Veja, boicotes são ferramentas assimétricas. Eles demandam sacrifícios da parte de quem boicota e não oferecem muitas oportunidades de benefício pessoal. Um insignificante aumento de status transitório por sinalizar sua participação e um enorme consumo de energia para lançar e manter as campanhas em andamento.
Digamos que você foi estuprado por Sam. O cálculo comum do auto-interesse é calar a boca e fingir que nada aconteceu enquanto você o evita. O pior já aconteceu, o sistema legal e a opinião pública estão certamente contra você. Você poderia cometer uma pequena vingança, mas te custaria muito. E como uma vingança, ela não seria uma brilhante vitória que demonstraria o seu poder superior a todos que estavam assistindo, não, você pareceria fraco. Você foi estuprado, você perdeu ao lutar com ele. Você seguiu o caminho da mulher quebrada, autodestrutiva. Não, melhor calar a boca.
Mas e sobre as outras pessoas que ele poderia machucar? Se você é uma pessoa egoísta você não se importa, ou só o suficiente para um discreto sussurro de aviso aqui ou ali.
Entretanto, se você é uma pessoa empática que vê o estupro de outra pesso como próximo de ser você mesmo estuprado novamente… a resposta é óbvia, você precisa fazer o que puder para impedir Sam de estuprar novamente.
Então você sussurra e grita, você avisa a todos que conseguirá.
E já que a maioria das pessoas são egoístas e apáticas, elas não se importam. Elas continuam sendo amigas de Sam, elas continuam permitindo que ele acesse espaços e pessoas onde pode ser um predador. Enquanto elas puderem evitar o assunto, enquanto elas puderem defletir ou falar de ‘ambos os lados’ ou que seja preciso para não se sacrificar nada, elas vão.
Então você exige que as pessoas escolham um lado ou você vai cortar relações com elas. As pessoas mais próximas de Sam ficam ultrajadas por você as ter prejudicado e ficam do lado de Sam. Você é só uma pessoa, quanto de dano poderia causar a elas.
Mas essa é a questão. As pessoas escolhendo ficar do lado de Sam em algum nível são puramente Pessoas Ruins. Elas não são altruístas. Elas não vão sacrificar nada para impedir Sam de estuprar novamente. Então você reúne alguns altruístas do seu lado, dispostos a sacrificar algo para te ajudar. Se você reunir o suficiente deles, mesmo que você seja uma minoria, coletivamente vocês tem poder para muito mais. “Se você continuar sua amizade com Sam, você não vai perder apenas um amigo, mas cinco”.
Boicotes, assim como greves, são mais efetivas quando elas são de alguma forma, transitivas. Você não boicota só a empresa dos tomates, você boicota toda empresa que compra deles também. Você pressiona universidades a deixarem de fazer qualquer investimento minimamente relacionado à empresa de tomates. Você ameaça boicotar qualquer estado que continue abonando os impostos da empresa de tomates. Você coletivamente sacrifica reputação, tempo, energia, dinheiro, etc., até que o impacto passe a dissuadir as pessoas. Então você mira nos desertores. No momento que outra empresa de tomate adota as mesmas práticas você a golpeia com força, sem importar o custo pessoal. Você nunca tolera desertores.
Todo boicote existe uma massa crítica diferente para funcionar, mas esta massa não é uma maioria de 51%. O poder que indivíduos têm varia, mas a constante tende a ser que o sacrifício não é diretamente vantajoso para os indivíduos envolvidos na rede, mesmo que o boicote funcione. O benefício tende a ser para uma parcela maior da população.
Boicotes não são apenas uma ação coletiva de resolução de problemas, eles não são nem um benefício para quem faz o boicote. E é por isso que boicotes são um estilo de conflito que tende à favor de pessoas altruístas.
A internet diminui os custos de conexão então ela tornou diferentes tipos de boicotes mais fáceis. Em todo lugar.
E os cretinos sentiram este nó apertar. Um dia eles acordaram e viram seus amigos se ferrarem por fazerem piadas racistas, no outro dia foi por conta de uma piada com menores de idade, uma piada! O que pareciam os limites de etiqueta em um dia, apareceram subitamente mais altos no outro. Foi um absurdo! Para se manter atualizado você teria que ficar atento, você precisaria gastar muita energia agindo como se você se importasse com outras pessoas.
Tudo isso foi uma loucura pra qualquer um com uma mente de direita (isso é, egoístas bastardos), pois havia muito pouco a se vencer nesse novo jogo. Na melhor das hipóteses, uma pessoa ruim pode acumular algum pouco prestígio se passando por cordeiro e tentando os arrebanhar para sua cruzada contra os lobos, mas os cordeiros eventualmente vieram por eles também. Em alguns casos as ovelhas vieram contra elas mesmas! Mesmo que de algum modo você pudesse fazer uma lavagem cerebral em si mesmo para se tornar altruísta como eles, essa não é uma garantia de que você conseguiria poder! Bem o contrário. Não há posições de poder realmente estáveis a serem tomadas. E qual a graça de qualquer jogo se não há um trono?
Em todo canto, em todos os campos da vida, pessoas ruins tiveram um calafrio coletivo em horror e repentinamente perceberam que para preservar os vários jogos que eles vinham jogando, eles teriam que fazer algo estranho: elas teriam que se unir.
Só um pequeno problema: Eles não são bons nisso. Seus valores e estratégias centrais os tornam incapazes de autonomamente se sacrificar pelo bem coletivo. Eles lutam uns contra os outros, lutam por poder, eles aplicam golpes, eles ficam entediados. Momentos de possibilidades incríveis colapsam em conflito e desavenças. Fora uns poucos crentes – os tão machucados que se sacrificam pelo mal coletivo, a manutenção d’O Jogo – a imensa maioria não quer se sacrificar.
Eles estavam dispostos a darem sinais de seus vícios por anos, quando isso significava celebrar sua própria crueldade e assediar qualquer um que parecesse sinceramente altruísta. Eles estavam dispostos a gastar alguns dólares fazendo contas em serviços de assinatura com entretenimento feito diretamente para pessoas ruins. Mas, no geral, eles não estavam dispostos a comprometer suas vidas, muito menos seu conforto cotidiano, e se sacrificar em cansativo trabalho não remunerado, de ativismo e organização.
Pessoas ruins se destacam quando há regimes de hierarquias externas que elas podem usar como armas. Mas sem eles, elas são inofensivas, incapazes do sacrifício necessário para resolver problemas que demandam ação coletiva. Alguns deles estão dispostos a causar violência e morrer pela Causa, mas morrer é fácil. É um trabalho cansativo e sem recompensa pessoal que é impossível.
Então, como os fascistas neo reacionários dizem, “Cthulhu sempre nada para a esquerda”. Não porque as instituições estão presas em espirais democráticas da tirania da maioria, não, a democracia seria muito mais reacionária do que boicotes. Se a única maneira de mudar as coisas fosse um simples voto, quase todo país teria instituições mais conservadoras. Não, boicotes como um todo super empoderam minorias altruístas.
Obviamente isso inclui altruístas confusos que sinceramente acreditam que um feto tem uma “alma” ou que pessoas brancas não deveriam comer burritos. Essas especificidades importam, mas não deslocam a tendência geral de boicote na era do informação contra o tipo de jogo nos quais muitos se especializaram, Também é verdade que organizações com epistemes centralizadas colapsaram, e como resultado a internet é um local de efervescência, cheio de Qanons e horóscopos, temporariamente gerando todo tipo de delírios, mas o em longo prazo o arco do discurso pende a uma maior precisão.
Conforme a complexidade social cresceu pelas bases com a urbanização, globalização, e vários outros aumentos de conectividade, reacionários continuaram a vencer em todos os locais de poder bruto, sólido e facilmente identificáveis, e os altruístas por sua vez derreteram ao redor de seus punhos de ferro em um mil facetas complexas da cultura e sociedade.
Estratégias de pessoas que foram criadas para um mundo de violência simples e pequenas comunidades simples, tem fracassado frente a um mundo mais complexo. Não é justo. Não é natural. Tentando compreender ou registrar o novo jogo fere a mente dos pobres reacionários.
Alguns se adaptaram, é claro, a esquerda tem muitos trambiqueiros e oportunistas, mas eles se encontram cada vez mais encurralados. O estuprador ou carreirista que pensaram que tinham um grande jogo subitamente se encontram cancelados, ou se cansam com o tanto de energia que precisam gastar para falsificarem suas preferências. E aqueles que tentaram usar as novas normas sociais como armas de “me dê algo ou eu vou te denunciar por nada” encontram retornos cada vez menores (pois são incapazes de realmente se sacrificarem) e raramente duram mais do que um ano ou dois antes de serem identificados e marginalizados.
É por isso que os bastardos egoístas mais práticos olham para a esquerda e veem um culto suicida, um jogo espetacularmente estúpido e impossível de se vencer. “Você vai merecer quando eles te comerem vivo.” Eles não conseguem conceber serem motivados por altruísmo de uma forma que exija sacrifícios, por isso eles enxergam boicotes como uma tempestade de insanidade e miopia. Tudo ao redor deles são sinais de virtude vazios. Na verdade, a paixão e digna raiva – que surgem da conexão direta com injustiça – está além da compreensão deles, como o balido de ovelhas irrelevantes.
É comum que a esquerda fala de criar um mundo sem classe, patriarcado, homofobia, capacitismo, etc, mas estes são meramente tipos de poder – eles deixam a promessa de sistemas de poder inteiramente novos surgindo das cinzas. A substituição de um conjunto de jogos por outros. Uma pessoa jovem de classe média alta com poucas opções de poder pessoas sob o Czar pode ver grande oportunidade em se envolver com o bolchevismo – ao menos eles teriam uma oportunidade de se estabelecerem numa posição mais alta. Mas ao longo do tempo a esquerda não só adicionou inúmeros módulos de opressão a serem derrubados, ela cada vez mais se posicionou contra a rejeição das posições de poder em si. Essa anarquização da esquerda, do anarquismo em si, é para muitos, um pesadelo horrível.
Uma pessoa ruim – há muito calcificada pela fome de poder pessoal – pode estar disposta a observar quantas escadas para status e controle são erodidas, mas a ideia de acabar sem escadas é extremamente intolerável.
Este é o problema que enfrentamos agora. Enquanto anarquistas conscientes são só uma parte do processo, o mundo tem desespero para a ameaça do anarquismo, compreendendo pela primeira vez que não é apenas um grupo específico de abusadores, elites, ou imbecis egoístas que são ameaçados por um mundo em mudança, mas todos eles.
A maior desvantagem do anarquismo é que, por sua própria natureza de rejeição radical a toda dominação, ele não deixa espaço para recuos. Ao mirar e, m todo mal, ele não oferece nada que apele para pessoas fundamentalmente ruins.
Existem, é claro, pessoas ruins que, por inúmeros motivos, consideram o anarquismo como o campo ideal para suas aptidões, mais do que o mercado de finanças ou tráfico humano. Eles são inerentemente hostis à “cultura de cancelamento” ou qualquer abordagem teórica que pode expor julgamentos sobre indivíduos ou enquadrar o anarquismo em termos éticos radicais. Não deveria ser surpresa que, por exempo, o nacionalista branco Michael Schimidt se esforçou para arrancar qualquer conteúdo ético ou filosófico do anarquismo, relendo-o meramente como um movimento antiestatal e anticapitalista, silencioso sobre qualquer outra questão. Todos conhecem exemplos de predadores, estupradores, abusadores, etc., eles tem choramingando sobre as críticas anarquistas sobre o poder que se aventuraram muito perto de seus territórios. E nós podemos crer que ao menos parte da tendência da esquerda de se perder em pensamento estrutural é resultado de desorientação intencional, para dar espaço para agentes hostis individuais.
Mas enquanto boicotes podem e de fato disparam em todas as direções não alinhadas com as aspirações anarquistas, o efeito geral dos boicotes da era da internet tem sido tanto o estrangulamento dos egoístas pelos altruístas, quanto o enfraquecimento de posições de poder. Todo trono é mais precário e mais breve. Agora, todo estuprador teme seus sobreviventes.
Anarquismo, antes descartado como um absurdo culto de ovelhas inocentes, agora revela a si mesmo para muitas pessoas ao redor do mundo como seu pior inimigo. A lógica implícita por detrás de uma tempestade de fogo purificador que arrisca consumir todo relacionamento de controle, toda posição de poder, toda simplicidade calmante, mas mantida através da violência.
Enquanto os grandes padrões auto-reforçantes do capitalismo, supremacia branca, patriarcado, etc, certamente são reais, quem faz o futuro são os indivíduos. E por mais que classe, raça, gênero, etc., estatisticamente ajudem a elaborar certos hábitos e orientações para com o mundo, é a ideologia e o caráter habituado que diretamente propele um indivíduo a agir.
Não raro, é tido que a internet transformou a política em um mecanismo para nos classificar através de nossas personalidades. Este processo está longe de ser completo, mas é bastante real.
E se a aliança reacionária e a ressurgência fascista que encaramos hoje são dinâmicas de caráter pessoal, nós não podemos simplesmente desmontar ou destruir algo sistêmico e dar o problema por resolvido. Uma pessoa fascista vai continuar sendo fascista, em segredo ou não. E reacionários que perceberam o nó apertando seus pescoços não vão esquecer tão cedo o risco existencial que encaram.
Pessoas ruins atingiram algum nível de consciência de classe.
A grande pergunta é, se eles serão capazes de massacrar o suficiente de nós para reverterem a sociedade de volta a um jogo simples, que seja menos hostil a eles.
Existem alguns caminhos disponíveis.
O primeiro é o ecofascismo de colapso que você encontra entre a Atomwaffen e sua claque. Este é provavelmente o cenário hipotético mais coerente entre reacionários. Conectividade social é a raiz do problema que os reacionários enfrentam, é o que está permitindo que dinâmicas de boicote passem a eclipsar as dinâmicas da força bruta, então o maior reset seria varrer do mapa, não só a internet mas também as cidades. É difícil ‘cancelar’ um sanguinário senhor da guerra por cometer estupro nas ruínas da civilização. Mas existem incontáveis desafios significativos entre umas poucas crianças fabricando bombas, enquanto batem uma pensando em Evola e Kaczynski e seus objetivos. A superfície de ataque deles é a mais ampla, mas o espaço para contra-ataque é ainda mais amplo. Eles podem explodir represas e envenenar reservatórios de água, mas eles podem impedir cada cientista e inventor no planeta de autonomamente investigar e inventar? Civilização, propriamente compreendida, não é uma frágil megamáquina mas uma colméia de constante colaboração coletiva. Terroristas ecofascistas são um risco sério, mas eles existem em um número tão pequeno que destruí-los totalmente é plausível.
O maior problema está entre os caminhos mais populares da reação. Dos exterminacionistas dos Esquadrões da Morte da extrema Direita, a balcanização, ao rampante fascismo institucional. Enquanto variantes mais eco fascistas e colapsistas buscam demolir permanentemente as infraestruturas que conectam pessoas e super empoderam minorias altruístas – fazendo do entulho da civilização as paredes de uma perpétua prisão – este outro caminho busca manter um proativo controle social. Invés de transformar tudo em algo perpetuamente estável, esta forma de reação busca preservar a maior parte da ordem vigente através da violência irrestrita contra todo o resto. Sua casa suburbana e rituais de consumo vão se manter quase intocados, em troca de rios de sangue além do horizonte onde todos aqueles marginais/negros/queers são permanentemente silenciados e o resto do mundo brutalmente escravizados.
Nos EUA de hoje, as fantasias de re-colonização estão virtualmente em todo canto. Os liberais já fizeram barulho por tempo demais, eles entulharam nosso mundo com todo tipo de coisas complicadas que não conseguimos entender e um senso de que não podemos estuprar ou ferir quem quisermos. Não vai ser ótimo quando tivermos nossa vingança? Quando o jogo simples da violência for tudo que restar.
Algo a ser notado – a fome de pegar as armas que você nunca usou e apontá-las contra manifestantes na sua vizinhança rica – é que em certo sentido deturpado, é algo, “defensivo”. Em lares suburbanos alguém vai falar muito sobre a necessidade de que outras pessoas genocidem liberais, mas isso deriva de uma profunda aversão a risco, novidade, e complexidade. Ele pode doar uma pilha de dinheiro para brutamontes trambiqueiros fazendo lives enquanto lutam com antifas, mas ele hesita em assumir estes riscos. Enquanto quasi-fascistas são uma legião em número, eles são covardes. Como o velho branco gritando obscenidades histéricas quando uma multidão de linchadores encontra um homem negro armado, ele sabe que sua ordem social está caindo pois é frágil para este tipo de resolução de problemas coletivos. A multidão reacionário talvez supere o homem negro em números, mas nenhum deles está disposto a fazer o primeiro movimento.
Pessoas ruins têm dificuldade em agir por um interesse em comum sem um sistema hierárquico que dê conta de coordená-los. Enquanto pessoas ruins amam fantasiar sobre um mundo sem N jogos integrados – reduzidos a uma colcha de retalhos local desconexa de todo o resto – onde eles possam assassinar e estuprar sem medo de consequências, eles vacilam diante das complexidades descentralizadas.
O recente pânico nacional sobre “ônibus ANTIFA” é uma perfeita miniatura da disfunção reacionária. O ecossistema das mídias conservadoras é relativamente centralizado e alinhado, levando a indivíduos a terem músculos epistêmicos atrofiados e compartilharem um mapa do mundo e de seus inimigos, completamente impreciso. Eles são acima de tudo, bastardos e egoístas, então há incentivo para que pessoas aleatórias inventem o que quiserem para se fazerem importantes. Isto leva a uma espiral de disfunções absurdas. É certo que estes idiotas têm mais armas – cada vez mais, eles relembram o mundo disso – mas isso não significa muito se cada vez que Karen reposta um meme idiota você vai enviar enviar grandes caixas para a cidade dela.
Há por certo, uma perigosa armadilha de identidade tribal e ilusão compartilhada, mas isso é porque essas coisas beneficiam todas as partes individuais no curto prazo. No longo prazo se eles de fato iniciarem a guerra civil que tanto querem, os reacionários serão terrivelmente prejudicados por este tipo de imprecisão sistemática.
Conservadores habitualmente supõem que os anarquistas devem ser “manifestantes pagos” pois eles jamais colocariam suas vidas na linha para enfrentar a polícia; não sem serem pagos para isso. E a maioria certamente não passaria horas, todos os dias rastreando a oposição, e não ganharia qualquer fama pessoal.
Reacionários pensam incansavelmente em termos militares, pois sistemas hierárquicos brutos são a única coisa capaz de organizá-los.
Se eles precisassem se organizar em gangues por conta própria há uma boca chance de que eles afundarem em catastrófica disfunção, ao menos antes de alcançar uma escala necessária para criar incentivos institucionais de longo prazo, capazes de fazer cretinos egoístas perderem para o propósito coletivo.
Em contraste, a polícia (uma força militar de ocupação criada para reprimir continuamente uma população) não é capaz de sacrifícios, eles têm grandes salários e benefícios confortáveis, proteções legais absurdas e esperam que todos se curvem diante deles, e diante do mínimo inconveniente, eles ameaçam desistir.
É por isso que desmantelar os aparatos do estado policial é tão urgente. Mas é também um campo de perigos pouco examinados, Se estruturas hierárquicas existentes podem ser demolidas ou desmanteladas, quão rápido ou eficientemente a polícia irá delegar outras pessoas ruins como auxiliares paramilitares? Eles alegremente dariam armas para incels do 8chan e os mandar começar a massacrar liberais. E mesmo que nós tenhamos sucesso em desmontar as instituições de comanda da polícia/militares capazes de organizarem outros monstros, como livramos o mundo de tantas armadilhas não utilizadas.
Se é real que 800 policiais estão desistindo de trabalhar para o NYPD em resposta ao levante de George Floyd, essas pessoas não vão magicamente parar de serem capangas autoritários. Eles não estão fazendo isso por motivos éticos, eles estão desistindo pois uma revolta popular dificultou o trabalho. A ausência de um distintivo, a remoção de uma instituição para os proteger, não visa transformar estas criaturas hidrofóbicas em pessoas com consciência. Não é o suficiente abolir as instituições nas quais eles se aglutinavam. Pessoas não mudam do dia para a noite.
A desbaathificação no Iraque removeu os torturadores e assassinos da administração das forças de segurança de Saddam, mas deixou os mesmos policiais se proliferarem nas bases de novos grupos paramilitares e terroristas; desempregados, profissionais da violência precisavam fazer alguma coisa. Os policiais que nós simplesmente demitirmos hoje serão o núcleo das gangues de saqueadores que eles alertam que surgirão em sua ausência. No pior cenário, eles vão oferecer uma semente cristalizada de centralização e legitimidade capaz de organizar pessoas ruins em direção ao seu autointeresse coletivo.
Isso obviamente não advoga por uma política exterminacionista. Existem setecentos mil oficiais da lei nos Estados Unidos. Eles podem ser os piores dos piores, mas o massacre ativo de qualquer coisa próxima dessa escala deveria ser impensável, e nitidamente não está no caminho de um mundo liberatório. Aprisionamento em massa em algum tipo de projeto estalinesco também é além do compreensível, e possivelmente menos plausível de ter um impacto profundo do que terapia. Os EUA atualmente encarcera 2.3 milhões de pessoas, em sua maioria elas devem ser pessoas muito melhores do que o típico policial, mas simplesmente botar policiais nas prisões que eles atualmente mantém reproduz o atual sistema carcerário com poucas e modestas reformas. Nenhum anarquista que realmente acredita em um mundo sem dominação pode aprovar um banho de sangue irrestrito.
Como então, nós vivemos com estes monstros?
Mesmo se removermos as instituições de poder/terror, como vamos os impedir de as reconstruírem?
Como você pode prever pela minha abordagem até aqui, penso que a resposta é realmente observar e entender o jogo teórico que impede todos os monstros que não são policiais de se organizarem hoje.
A polícia compõe bem menos de um por cento da população e ainda assim são capazes de aprisionar uma percentagem maior, capazes de impedir a rebelião de uma percentagem muito maior. Isso pois uma ordem existente é defendida pela resolução coletiva de problemas. Mesmo quando você tem uma grande base é difícil de inicialmente motivar e organizar uma massa suficiente de pessoas para agir. Os primeiros poucos supremacistas brancos com intenção de começar um pogrom são eliminados, se não, eles se tornam um movimento e logo, um genocídio. O primeiro grupo de ex-policiais a tentarem e retornarem à criminalidade – seja saqueando ou organizando esquemas de proteção – devem ser rápida e proativamente impedidos antes que sua gangue possa se metastizar.
Como esquerdistas ruins podem tender a conflitos internos em busca de pureza moral, e para todos os poucos oportunistas que temporariamente exploram este campo na esquerda, fascistas apunhalam uns aos outros com ferocidade ainda maior. A única forma que a direta aprendeu a resolver problemas coletivamente é através de ferramentas brutas como nacionalismo e racismo. Estas são ferramentas de mobilização pouco funcionais, e é por isso que as bases da direta são, na falta de termos melhores, incrivelmente ignorante e estúpido. Eles também disfarçam muito mal suas intenções de acumular poder pessoal.
A esquerda têm seus trambiqueiros e abusadores, mas a esquerda é quase que composta unicamente por eles. Reacionários não são conhecidos por rompimentos revolucionários com o status quo justamente por não serem pessoas capazes de organizar algo nessa escala. Mesmo quando sociopatas se sentem pressionados o suficiente para formar um grupo defensivo e reacionários se radicalizam em fascistas autoconscientes, eles ainda encaram sério desafios em atingir massa crítica, Grupos antifascistas são muito mais capazes que grupos neonazistas pois antifascistas são altruístas e capazes de auto sacrifício. Neonazis têm muitos memes sobre se sacrificarem pela raça branca ou coisas assim, mas eles todos sabem – como Angler e Spencer já deixaram nítido – que raça é apenas um construto vazio e arbitrário que eles abraçam pela sua utilidade na busca por poder pessoal. Eles podem fazer lavagem cerebral em umas poucas crianças imbecis para que morram pela causa (mais comumente, por fama pessoal), mas não muito além disso.
Polícia no geral são, para sermos justos, bastante burros, mas eles também são majoritariamente egoístas. Mesmo o mundo de velhos brancos divorciados usando óculos escuros em seus carros – por mais que eles possam se deliciar em oportunidades de demonstrar publicamente seu machismo e reafirmar suas narrativas confortavelmente simples – continuam sendo criaturas profundamente egoístas. Dispostos a usar armaduras tacticool e gritarem, mas só se puderem sentarem-se e serem servidos na Baskin Robbin ou TGI Fridays. A “América” deles não é um ideal de liberdade para outras pessoas, é um totem profundamente pessoal que representa seus privilégios e conforto, uma série de normas e condições.
Se você quer impedir que ex-policiais de imediatamente transicionarem para gangues genocidas e terrorismo insurgente, como os Ba-athistas no Iraque, você precisa construir uma estrutura de incentivo adequada para eles. Mobilizar forças de autodefesa universais e poderosas desde as bases de modo que tenham medo de serem as primeiras a ultrapassarem uma linha fixa e evidente – e esta é a parte mais difícil – deixa algo que os interesse.
Um amigo meu, há muito defende que deveríamos pagar o dobro do que a polícia ganha atualmente, para que fiquem em suas casas e não matem ninguém. Abolição da polícia através de fartas aposentadorias. Um tipo de acordo de extorsão explícito onde ao menos o público extorquido é capaz de decretar e manejar os termos. Eu tenho minhas dúvidas de que isso poderia ser implementado ou gerenciado sem um estado, mas mais que isso, tenho minhas dúvidas de que eles não iriam simplesmente financiar a criação de seus próprios exércitos pessoas que também seriam generosamente pagos.
O que resta é uma espécie de pacto de preservação. Nós concordamos de te deixar com a casa estúpida que você comprou nos subúrbios, com normas sociais firmes de não a violar. Você pode operar no mercado, coletar comida e itens básicos dos serviços sociais pós-estatais, e nós retornaremos qualquer pessoa para trabalhar em profissões sem poder. Mas no momento em que alguém organizar uma hierarquia ou uma gangue de ex-policiais para espalhar o terror novamente, essa gangue será exterminada por todos os civis do entorno. Nós precisamos estar dispostos, a qualquer momento, corrermos para nossas casas e confrontar e usar violência para impedir as gangues predatórias que os ex-policiais tentarão formar.
Você pode notar que apesar de reformulados eles podem ser garantidos através da organização social de bases mais do que pelo estado, essa prescrição replica muitas das estruturas de incentivo que o estado usa. Reacionários instintivamente pensam nestes termos pois essas estruturas de incentivo funcionam com eles. Obviamente elas não funcionam tão bem quanto outros, como mártires e lutas de resistência ao redor do mundo podem provar. Reacionários pensam que podem chocar e apavorar as pessoas até a obediência, e então são eternamente surpreendidos quando os oprimidos se dispõem a fazer sacrifícios pessoais para se opor a injustiças. Enquanto conservadores desesperadamente querem o manto retórico de serem vítimas. Uma minoria muito menor deles realmente acredita ou está disposta a se sacrificar de um modo contínuo.
Esta não é uma defesa da justiça carcerária, fronteiras, etc, mas exige que pensemos sobre os incentivos que criamos para os decididamente não altruístas. Livres associações descentralizadas com autodefesa afiada estão alinhadas com os valores anarquistas, mas nós geralmente hesitamos em adotar certos graus de radicalidade. Isso pode ser um erro.
Assim como esquerdistas comumente enxergam indivíduos como engrenagens funcionando alinhadas com instituições, liberais vão se dobrar como pretzels tentando imaginar formas como o outro lado em um conflito é bem intencionado apesar de equivocado. Se é apenas um erro matemático, você pode apontá-lo e tudo vai se resolver! Ninguém quer admitir que dezenas de milhões de pessoas são apenas malignas. Mas uma das formas com a qual o anarquismo rompe com o liberalismo é no firme reconhecimento de que a maioria que detém o poder não está equivocada, mas são bastardos egoístas que vão nos combater até o fim, que jamais vão aceitar um mundo sem hierarquias para se escalar e irão trabalhar constantemente contra isso, limitados apenas por seu autointeresse.
Há uma alternativa às máfias e saqueadores, mas exige que as pessoas urbanas, as “ovelhas” que os autointitulados lobos desprezam, tomem sua segurança em suas próprias mãos. Isso exige que o altruísta convença o apático a parar de terceirizar o conflito para um grupo seleto, que nós paremos de depositar nossos problemas em uma caixa preta.
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